quarta-feira, 6 de julho de 2011

Quotidiano 82

Quando achamos que temos tudo, que a vida corre bem, que para a frente são só vitórias, só alegrias, eis que a vida nos prega aquelas partidas, pior, rasteiras irremediáveis.
Se o caso Sónia Brazão nos deixa a pensar, o que se passou contigo, é capaz de nos fazer parar para questionar que raio andamos nós aqui a fazer, com esta pressa de fazer tudo, de ganhar a vida, de correr o tempo todo para lugar nenhum. Se alguém que não merecia aquele acidente eras tu. Não merecias perder o controlo do carro - os carros, de que tu tanto gostavas - em mais uma viagem na A1, mais uma noite de correria entre uma aqui, outra ali, estar, aparecer, mostrar.
Afinal, para quê ? Pouco tempo depois da tua relação com a Rita eram só nessas andanças daqui para ali, como no amor. Sempre foste um "miúdo" com um grande sentido de humor, um sorriso aberto, daqueles que abraçam o mundo e não têm medo de mostrar felicidade. Mais, sempre foste um bom coração, sem maldade, só pedindo respeito e, já agora, que te deixassem viver a vida à tua maneira.  Logo tu, não merecias isto, agora. Nem tu, nem a tua mãe, nem a tua família, nem os teus amigos. Tudo para não dizeres não, tudo porque era simples, era 'um pulinho' entre o Porto e Lisboa - como sempre foi -, tudo porque "faz parte", parte dessa coisa que é o Star System que obriga a isto e aquilo em nome de dinheiro, de parecer bem, de alguma coisa que ninguém definiu mas que existe e se impõe. É inevitável compararmos a tua história com a do Francisco, mais uma vitima do sistema que faz fazer quilómetros de madrugada, entre discotecas e presenças, e copos e sorrisos, em nome ... de "quase" nada. E a pergunta é: até quando isto se vai manter? Para ti, meu miúdo de ouro, pele morena e coração imenso, que já não estás entre nós, mas que estás sempre junto a nós, "Estamos Juntos". Para os outros "Angélicos" e "Franciscos", apenas um susurro: "Cuidado!"

A vida é curta demais para a corrermos assim.

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